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sexta-feira, 30 de março de 2012

Um Amor





Não te queria de outra forma,
Amo-te tal como és…
Desde o cheiro dos teus cabelos
Até ao verniz dos teus pés…

Assim, amor, minha luz
É como gosto de ti…
O fulgor do teu sorriso
Seduziu-me, assim, que o vi…

Quero-te, conforme, te apresentas
De voz quente e penetrante…
Percorro o céu e o inferno
Quando fazes de mim amante…

Rogo para manteres
Tudo em ti que encontrei…
Não quero outros sabores
Só dos teus lábios que beijei…

Desejo-te por inteiro
Seja o pedaço qualquer…
Soltas um trilho ao passar
De pétalas de malmequer…

Não me farto, não me canso
Da tua maneira de ser…
Amo-te mais do que ontem
É um constante crescer…




quinta-feira, 29 de março de 2012

Amor



Peço-te perdão por te amar,
Por capear o teu sorriso

E beliscar o teu acordar…

O que sinto?...

É a balada do silêncio,

Dos momentos que senti à sombra dos teus carinhos,

Sorvendo da tua boca o sabor do teu riso,

Nas noites de Inverno

E nas manhãs que virão…

E posso dizer

Que o sentimento que oferto

Não traz o encantamento das promessas,

Nem as misteriosas palavras

Dos véus da alma...

É uma quietude voraz,

Um turbilhão de carícias,

Uma tempestade de bem-querer!

E só te pede que repouses serena,

Muito serena

E deixes que os lábios apaixonados da noite

Encontrem, sem fatalidade,

O olhar enamorado da madrugada

E, quando abrires os olhos,

Sintas como és amada!...


quarta-feira, 28 de março de 2012

Saudade e Dor


Ao longe

Uma lágrima tece

Trova de saudade e dor

A fragrância desaparece

Parte a Primavera

E sua flor


Ah no Inverno

Na montanha de cume gelado

Pudesse eu chegar às estrelas

Fundir a neve com seu calor

Depurar a lágrima

De saudade e dor

terça-feira, 27 de março de 2012

Elixir


Vem, amor
Aqui, junto a mim...
Adoça a ansiedade
Este desassossego sem fim.

Abrevia a negra espera
Tão sombria como distante;
Quero fazer do teu sorriso
O meu elixir constante.

Vem. Adoça a tempestade
Como dança e sopra o vento!...

E eu deixo-me sonhar
Nesse desejado momento!...

Pleno Amor



No elixir do teu sorriso
Há o pecado a arder
O calor da tua pele
E o meu desejo a crescer

Sorvo-o de noite ao luar
Em cálice de metal sagrado
Escorre sob lábios a seiva
Do teu beijo enfeitiçado

Encarcerado no teu ventre
Entre gemidos de furor
Fecho a porta ao mundo
Vivo em pleno o amor  

sábado, 24 de março de 2012

Mulher




Olho a tela

Cheia de nada.

Traço apenas carvão.

Uma linha, a silhueta.

Adiciono cor e nasce o Sol

Fulgindo a face nua.

Observo de perto

E nutro o aroma,

Vejo os lábios:

Doce de cerejas rubras.

Aquela mancha, o vestido,

Pintado a favor do corpo

Cálido. Pecador.

Silhueta graciosa,

Guerreira, amada,

Sublime e beijada.

Só para isto,

Isto de ser a Mulher

A primeira e

A última.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O Dia


O amor surgiu e preencheu o desejo
Os sentimentos regressaram dos outonos perdidos
E invadiram sem medo os momentos vividos 

 Foi um dia melífluo das muitas memórias
Houve ternas palavras soletradas com histórias
Houve a noite tecendo o veludo da alma

Nem o turbilhão de beijos reduziu a vontade
Que agitou as águas nesse dia suave
Só as árvores sonharam o não ser dos minutos

Pedi às gaivotas canções de esperança
Inventei um festim como fosse criança

Sem ruídos antigos dos futuros perdidos

Um soneto guardou-se nas paredes do sonho
Foi de novo a viagem do ardina risonho
Esculpiu palavras o silêncio do beijo…

quarta-feira, 21 de março de 2012

Tu

Chegaste com sorrisos nas mãos e
Música no olhar.
Ergueste os anjos quebrados
E clarejaste as trevas
Da alma sombria.
A tua voz desliza e
Despe-se em encantos mil.
Amanhece nos meus ouvidos
Com lírios, amoras e
Ténues acordes lunares.
Desfazes-te em água
Transparente e cristalina
Como as nascentes e flúmenes,
Ateiam cada gota,
No amor sublime.
Contigo, o oceano do desejo,
Searas verdes e papoilas onduladas
Um horizonte aberto
Todos os ingredientes da alegria
E eu a descobrir-me de novo.

domingo, 18 de março de 2012

Um Amor Inocente

Joana era perita em camuflar as suas traquinices, acreditem, eram mãos cheias delas! Tantas que teve que criar um mundo paralelo. E se assim tinha que ser, melhor o fez: arregaçou as mangas e pôs a cabeça a trabalhar.
Esguia e ágil, percorria, a correr ou a andar, os vastos campos vizinhos trepando às árvores, ora castelos ora caravelas, conforme a fantasia do momento. Mas o seu mundo era como afirma: seu. Começou por não entrar ninguém e acabou por não poderem entrar! Por isso as fantasias tinham que ser reais. Ou que se confundissem com isso. E quanto maiores eram, menos espaço para entrar… Mas era bonito vê-la correr, espalhando o perfume dos seus cabelos ao vento, naqueles lugares verdejados e mágicos.
Numa dessas vezes em que se encontrava empoleirada numa figueira, na pele da uma amazona em risco, atirou com um figo bem na cabeça de uma outra criança que se encontrava no local à hora errada e caiu! Menos do que o espaço de tempo utilizado para dizer “merda!” saltou para o chão e abeirou-se do sinistrado.
- Matei-o!... Era a brincar, não queria matar ninguém. Foi sem querer… Dizia isto abanando-o cuidadosamente, porque estava assustada em vir a piorar as coisas.
Deitado e a ouvir tudinho, o rapaz quase que deixou escapar um sorriso quando lhe surgiu “relampejantemente” a maneira em como se vingar da intrusa! Aqueles eram os seus domínios, ninguém, ou melhor, nenhum outro puto podia aceder àqueles territórios. Tinha-os ganho por mérito próprio. E ainda por cima uma menina! Era preciso ter lata! Tinha que a pôr a chorar – continuou a fazer-se de morto. Até recebeu um ligeiro pontapé no traseiro, mas só o fez ficar, ainda, mais determinado. Ela tentou abrir-lhe as pálpebras, com os seus dedos pouco asseados para o evento, mas não quis sobrepor a pressão que ele fazia para não se denunciar e largou-as.
Cada vez era mais verdade ele estar morto e ela era a responsável! Nem queria imaginar o que lhe ia acontecer quando todos soubessem na escola: a professora, as colegas, os irmãos… os PAIS! Estava perdida. E nem sequer tinha feito os trabalhos de casa. O melhor era fazê-los assim que chegasse, sempre poderia servir como atenuante, já que era raro tê-los feito quando perguntavam por eles. Mas isto não tem solução. Se está morto, já não acorda! Abanou, agora, com mais convicção. Precisava que ele acordasse para ir fazer os trabalhos de casa. Nunca mais sairia para a rua sem os fazer!
- Acorda, pá, vá lá! Tenho que me ir em...
…Ainda não tinha acabado de dizer a última palavra, recebeu no rosto um grito fantasmagórico que lhe pôs os cabelos em pé. E não foram só os cabelos que se aguentaram firmes, todo o resto da Joana ficou instantaneamente paralisado de medo. Ele levantou-se e reparou que era mais alto. Caminhou em círculo à volta dela e ficou sensibilizado com a expressão dela. Era uma menina, não dava para brincar, se não o que diriam os outros se o vissem naqueles propósitos. Mas tinha uma cara gira, diferente, especial...
Assim que veio a si, caiu por terra o fardo da responsabilidade e, principalmente, o peso do medo do que lhe poderia acontecer quando se viesse a descobrir que tinha morto alguém. Ficou, momentaneamente, mais aliviada. Mas só por momentos. Aquele frente a frente não estava propriamente nos seus planos, ou melhor, nas suas fantasias. Não era por acaso que subia às árvores (que se refugiava, é o mais adequado). Mas o inopinado estava ali à frente dela. E vivo, por sinal. Agora já não sabia se lhe dava mais jeito estar morto! Não, isso é que não, seria bem pior. Mas, também não era nada fácil lidar com aquela nova experiência. Bom, se é uma experiência nunca se sabe ao certo o resultado. E, neste caso, nem sequer as hipóteses do que pode acontecer. A surpresa era paralisante. Já não pensava nos trabalhos por fazer. Aquilo era bem pior, não se sabia o que poderia acontecer. Os trabalhos, ou ralhavam com ela ou levava uma tareia. Não havia a dor do sobressalto da punição surpresa que lhe seria destinada. E bem no meio deste turbilhão de sensações angustiadas e pungentes recebeu um passar de mãos no rosto. Não sabia o que era aquilo. Os pais já lhe tinham dado festas e carinhos, mas mais ninguém e muito menos um total desconhecido. Que dia cheio de surpresas! Uma atrás das outras e nunca mais acabavam! Cruzou o olhar com o dele, sorriu ligeiramente e pediu desculpa antes de começar a correr para o seu mundo. Lá era senhora e dona de tudo. Sabia como as coisas acabavam, porque era ela que as criava com a imaginação de menina arisca. O coração saltava mais pesado desta vez, mas nem isso a fez parar. E muito menos o facto de ele ter-lhe pedido para esperar. Foi tudo em vão. Pelo menos para aquele dia...
Ele gostou daquele rosto, macio e diferente. Era rosto com bastantes e boas potencialidades. Era um rosto que escondia fantasias e aventuras que ele, por vezes, também sonhava. Era a primeira vez que desejou ter uma menina como amiga. Não sabia o que os outros iam dizer, mas já não interessava tanto.
Não sei como acaba a história, mas também não a quero acabar. Muito pelo contrário, quero que dure. Quanto? Que dure, simplesmente, enquanto houver imaginação para continuar com a história. Enquanto cada passar de mãos no rosto tiver o sabor de ser o primeiro, que dure. E, enquanto durar, cada dia será de festa no Olimpo e os Deuses dançarão em honra de um amor assim tão inocente e belo.






  

Amor Profundo



Presenteias-me, ao anoitecer

Com a fruta oculta do teu ventre,

Orvalhada e incandescente,

Em lavas húmidas de prazer!


Dou por mim na tua boca

Abraçado, longe do mundo,

À pele exsudada e louca

Vivendo um amor profundo…


Simples explorador,

De ruelas, colinas e recantos,

Anélitos e odores,

Que ama os teus encantos...

sábado, 17 de março de 2012

Ardina




Por que sou ardina errante
De farpelas  sem jeito
Podes esconder tuas lágrimas
Guardalas-ei no meu peito                                 

Atravessarei fogos e temporais
Farei tudo o que for preciso                                   
Ocultarei teus tristes prantos
Sempre que te caia o sorriso   

E quando a vida se desviar

Dos teus pés a céu aberto
Construirei mil caminhos
Para que encontres o trilho certo

Por que sou ardina errante
De farpelas sem jeito
Embelezarei teu destino
Para que tudo fique perfeito

quinta-feira, 15 de março de 2012

Deusa da Fantasia

Habitas nos versos que revivem no tempo
Que falam do teu nome, Deusa da Fantasia
Das noites ardentes em que o calor nos sorria
Onde te senti Mulher no sem-fim do momento

Releio essas palavras de noite e de dia
À procura do teu cheiro na vontade renovada
Sinto-te mais bela, talhada na poesia
Teu rosto, tua cútis de seda perfumada

Infanta forjada numa tarde invernal e nua
No calor da fogueira que em ti se sustentou
Selado no beijo que a brisa encantou

Olho para ti, como a Terra para a Lua
De olhos verdes e fundos como o coração do mar
Onde o desejo dos desejos é, simplesmente, amar

terça-feira, 6 de março de 2012

O Beijo de Hoje


Quando acorda, de novo, no meu ser
Sobre eflúvios de pétalas prateadas
O nascer do sol refulge em sua boca
Em sorrisos de chamas encantadas!...

No ardor do beijo quente e húmido
Onde os amores se encontram entrelaçados
Meus olhos soltos em peito ardente
Compõem versos em tons salgados!

Não há mais dor, não há mais medo...
Retorcem os lábios em comunhão
Satânico duelo de línguas inquietantes
Combate duro, com paixão!

Cai uma lágrima a sorrir
No choque desassossegado do beijo
Ah, saudade desse gosto
Ai, como é louco o meu desejo!